Por: Gabrielle T. Adames
A alopecia, que significa área de perda dos cabelos, do tipo de tração acomete mais mulheres, mas pode acontecer com qualquer pessoa que utilize penteados, rabos de cavalos, tranças e extensões (mega hair) podendo acometer, inclusive, crianças.
Algumas mães costumam sempre fazer rabos de cavalo nas filhas, puxando os cabelos com muita força para trás, tencionando a raiz. Quando isso acontece, pode ocorrer a queda de cabelo na região frontal do couro cabeludo, deixando a criança com aquele aspecto de testa grande. Na verdade tudo que puxa o fio de cabelo pode provocar a alopecia por tração e esse risco é ainda maior se associado a químicas do cabelo como alisamentos e tinturas.
Esse tipo de alopecia é mais comumente vista em mulheres afrodescendentes, devido ao seu uso prolongado de apliques, tranças e aos diversos procedimentos para o alisamento dos fios que é mais fino do que nos europeus e asiáticos. Isso faz com que o cabelo afro seja mais frágil e propenso à quebra. Quando ocorre nos homens, penteados como o coque samurai e uso de dreads são alguns exemplos de situações de maior propensão ao comprometimento capilar.
Algumas profissões também expõem mais os cabelos a esse tipo de alopecia: como os profissionais da saúde (que devem manter os fios presos por questões de higiene) ou qualquer pessoa que por algum motivo tenha de prender os cabelos na parte de cima da cabeça, essa disfunção também pode ocorrer na região occipital (nuca), na qual o coque é feito. Outro exemplo são as bailarinas e atletas profissionais, que costumam usar penteados muito apertados. Em pessoas com Mega hair, as falhas são mais frequentes nas laterais e na região posterior da cabeça.
O “peso” dos penteados induz a uma atividade inflamatória no folículo piloso que leva a uma queda do cabelo, inicialmente reversível e temporária sendo demonstrada no couro cabeludo pela descamação, “bolinhas de pus” e vermelhidão ou encurtamento e afinamento dos pelos. Porém posteriormente gera uma cicatriz local que se traduz em uma área em que NUNCA mais irá crescer cabelo. Pessoas com grande tensão nos fios também podem relatar dores de cabeça e no couro cabeludo, aumento da sensibilidade local e coceira.
Para realizar o diagnóstico realizamos um exame não invasivo e indolor chamado “tricoscopia” no qual conseguimos aumentar o couro cabeludo e seus fios em até 70x vendo as alterações citadas anteriormente assim como outro dos sinais característicos, o “hair casts” que é uma espécie de “cilindro” envolvendo o fio mostrando que ele está sendo arrancado e já no estágio final vemos apenas um “espaço branco” sem nenhum cabelo, que pode ser confirmado na biópsia local.
O principal tratamento é a PREVENÇÃO: suspender definitivamente qualquer tensão no folículo piloso! Para os que optarem por manter os aplique a orientação é faça o exame tricoscópico regularmente para avaliar se já há algum grau de cicatriz e siga as seguintes orientações:
Mude para apliques removíveis, como os tic-tac.
Afrouxe as tranças, principalmente na linha de implantação do cabelo na fronte.
Não deixe as tranças por mais de 2- 3 meses.
Opte sempre por tranças mais largas.
Caso sinta dor ou irritação no couro cabeludo remova os apliques imediatamente.
Remova as extensões a cada 3-4 meses.
Evite o uso de alisamentos simultâneos as extensões, porém se as fizer, espere pelo menos 2 semanas o cabelo se recuperar da agressão para colocar as aplicações.
Nos estágios iniciais, quando ainda conseguimos reverter essas alterações, tratamos com estimulantes do crescimento do pelo e substâncias que reduzam essa inflamação por meio de medicamentos tópicos, orais e injeções. Caso já esteja no estágio final o implante capilar cirúrgico é uma solução para que a autoestima da mulher não seja afetada.
Por isto o reconhecimento e tratamento precoce pelo dermatologista tricologista é muito importante e, ao notar falhas no cabelo, procure ajuda médica imediatamente.
Dra. Gabrielle T. Adames – Dermatologista
Membro da SBD – Porto Alegre/RS, Santa Maria/RS e Capão da Canoa/RS.