Por: Isis Toledo
O que é?
A melatonina é um hormônio endógeno sintetizada a partir da serotonina pela conversão inicial do triptofano em serotonina; conversão da serotonina em N-acetilserotonina e conversão da N-acetilserotonina em MELATONINA.
Onde é fabricada?
Produzida tanto pela glândula pineal no cérebro como também pode ser sintetizado via extra-pineal, através do trato gastro intestinal. São as células enterocromafins localizadas no intestino, as grandes responsáveis por sintetizar a melatonina a partir do aminoácido triptofano.
Quais são as funções?
Sua principal função é regular o metabolismo e os ciclos vitais do organismo, atuando principalmente no ciclo do sono (ciclo circadiano), no sistema imunológico, cardiovascular e no controle das atividades sexuais e de reprodução. Possui ação antioxidante, anti-hipertensiva e ansiolítica.
Quando foi descoberta?
Descoberta em 1958 pelo dermatologista Aaron Lerner, recebeu este nome devido à sua capacidade de contração dos melanóforos de melanócitos de sapos, resultando em clareamento da pele desses animais.
Indicações de Uso:
- Distúrbios do sono
- Reduz os efeitos de Jet Lag
- Adjuvante no tratamento dos distúrbios de sono do autismo
- Antioxidante
- Adjuvante no tratamento do câncer
- Adjuvante no tratamento de doenças gastrointestinais
- Adjuvante no tratamento da dor
Melatonina x Sono
O aumento dos níveis de MEL está fortemente relacionado ao aumento da sonolência e diminuição da temperatura corporal, o que além de propiciar o sono, o facilita ainda mais. A hipótese mais aceita é que a MEL induz o sono através da redução da temperatura corporal, provavelmente por meio de sua ação nos seus receptores existentes em vasos sanguíneos periféricos, resultando em vasodilatação e consequente atividade nos centros do sono do hipotálamo.
Melatonina x Ação Antioxidante
A melatonina é um antioxidante universal e multifuncional, um dos poucos antioxidantes que também atua a nível mitocondrial. Sua ação como antioxidante é mais potente do que a vitamina C e E. Sugere-se que a melatonina reduz a formação de peroxinitritos, a peroxidação lipídica e a expressão da síntese de óxido nítrico.
Pesquisas demonstraram também aumento na síntese de glutationa peroxidase, enzima que auxilia na eliminação de radicais livres do organismo, comprovando a ação deste hormônio sobre outras enzimas protetoras contra reativos tóxicos. Por este motivo, se indica o uso em patologias neurodegenerativas e doenças cardiovasculares.
Melatonina x efeito antioxidante no Infarto Agudo do Miorcárdio(IAM)
A revista Iranian Journal of Pharmaceutical Research publicou um estudo (2015) com 40 pacientes com diagnóstico de IAM onde metade recebeu melatonina além do tratamento de reperfusão miocárdica (irrigar novamente a área do coração em sofrimento). Os autores concluíram que a melatonina poderá ter seu papel na terapia pelo seu efeito antioxidante.
Referência: Ghaeli P, et al., Effect of melatonina on cardiac injury after primary percutaneous coronary intervention: a randomized controlled trial, Iran J Pharm Res. (2015)
Melatonina x Doenças Cardiovasculares
Foi publicada esse ano estudo de revisão onde faz uma coletânea de trabalhos científicos sobre o tema que associou a ação da melatonina como estratégia preventiva e curativa nos pacientes com doença cardiovascular.
Referência: Pandi-Perumal SR, et al., Melatonin and Human Cardiovascular Disease, J Cardiovas Pharmacol Ther. (2016)
Melatonina e Dor de Cabeça
Estudos antigos associavam baixos níveis de melatonina em indivíduos portadores de dor de cabeça. Alguns trabalhos conseguiram mostrar que melatonina era capaz de reduzir a intensidade da dor nas pessoas com enxaqueca.
Referêcia: Bougea A, et al., Melatonin as prophylatic therapy for primary headaches: a pilot study, Funct Neurol. (2016)
Quais as formas de administração?
Atualmente temos no Brasil 4 formas de prescrever melatonina. É extremamente importante adequar a forma de administração à queixa e necessidade do paciente para o sucesso terapêutico. São elas:
1) Cápsula sublingual;
2) Cápsula oral;
3) Cápsula oral slow release;
4) Creme transdérmico.
Quando a dose está excessiva?
Sono profundo por 3 a 4 horas, seguido de despertar ansioso ou profundamente descansado e com dificuldade de voltar a dormir. Isto indica excesso de melatonina de ação rápida podendo ser indicado trocar a forma farmacêutica, aos invés de reduzir a dose; Cefaleia ou cabeça pesada pela manhã que melhoram com a exposição solar; Hipotensão e fadiga matinal;
Sonhos muito vívidos, experimentados como reais; Sonolência excessiva pela manhã, com dificuldade de despertar.
Todos podem usar?
O ideal é procurar um médico que vai avaliar a real necessidade do uso além de ajustar a dose e escolher a melhor forma de administração.
Dra. Isis Toledo – Médica com foco em saúde e qualidade de vida.